
Comprar um imóvel é um daqueles momentos que marcam a vida de qualquer pessoa.
É também uma decisão que precisa ser muito bem pensada, pois tem um impacto enorme na sua vida financeira.
Assim como pode ser um marco para a construção do seu patrimônio, qualquer decisão errada pode fazer com que esse sonho se torne um verdadeiro pesadelo financeiro, que vai te “assombrar” por muitos e muitos anos.
Por isso, quando chega essa hora, muita gente fica perdida e se pergunta:
Devo investir e comprar à vista quando tiver todo o dinheiro?
Faço um consórcio?
Ou vou para o financiamento?
A verdade é que não existe resposta certa — tudo depende do seu momento de vida, do seu perfil, da sua situação financeira e do quanto você quer ou pode esperar.
Mas, existem sim, caminhos mais inteligentes dependendo da sua situação.
Vamos conversar sobre cada um deles.
Investimentos: o caminho da paciência

Se você consegue se organizar financeiramente e ter disciplina para guardar e investir seu dinheiro todo mês, essa é - de longe - a forma mais barata de comprar seu imóvel (ou qualquer outro bem).
Qual a grande vantagem? Zero dívida, zero juros.
Fazendo isso você vai deixar seu dinheiro trabalhar por você e, ao invés de pagar juros, vai receber os juros dos seus investimentos.
E lá na frente, ainda pode ganhar um belo desconto por comprar o imóvel à vista.
Vamos a um exemplo:
👉 Investindo R$ 5 mil por mês a uma rentabilidade de 10% ao ano, em 10 anos você teria perto de R$ 1 milhão. O “pulo do gato”? Desses 1MM, apenas 600k saem do seu bolso, os outros R$ 400 mil você ganharia dos juros do seu investimento.
A desvantagem, é claro, é o tempo que você vai demorar para acumular o recurso necessário.
Além disso, há também um risco que poucos consideram ao fazer essa análise: a evolução do preço dos imóveis.
Se o preço dos imóveis subir mais do que a rentabilidade do seu investimento, essa “espera” pode acabar não valendo a pena.
Isso pode acontecer em momentos em que o mercado imobiliário esteja aquecido ou em cidades/regiões de rápido crescimento.
De qualquer forma, no longo prazo os imóveis costumam se valorizar menos que os investimentos e, como foi dito, ter o valor à vista pode gerar ótimas oportunidades em qualquer cenário.
🎯 Quando faz sentido comprar à vista:
Se você não tem pressa, tem uma renda que permita guardar o valor necessário e disciplina para investir esse valor todos os meses, essa será a melhor alternativa e vai fazer você economizar uma fortuna em juros.
Consórcio: a disciplina forçada

O consórcio é uma alternativa que divide opiniões. Há quem olhe torto, há quem seja fã de carteirinha (as vezes até demais).
A verdade é que ele não é a melhor opção para todos, mas pode ser uma ótima ferramenta para garantir projetos futuros, mas não urgentes - especialmente para quem não consegue guardar dinheiro sozinho, ou quando bem utilizado, como ferramenta de alavancagem patrimonial.
O consórcio funciona como uma poupança coletiva: todo mês, os participantes do grupo pagam determinado valor, e uma parte do grupo recebe a carta de crédito - por sorteio ou lance.
Apesar de não ter juros - o que é ótimo - ele tem uma taxa de administração que normalmente fica entre 15% e 20% do valor total da carta de crédito.
Exemplo:
👉 Um consórcio de R$ 1 milhão em 15 anos, com taxa de 18%, acaba custando R$ 1,18 milhão. Mais caro do que se você juntasse o mesmo valor investindo mas, ainda assim, mais barato que financiar.
Mas tem um porém: é quase uma loteria, você pode esperar anos para ser contemplado.
A não ser que você tenha muita sorte, ou dinheiro para dar algum lance.
O consórcio permite algumas estratégias que podem ajudar a antecipar sua contemplação.
Você pode, por exemplo, “dar um lance” de determinado percentual da carta de crédito e ser contemplado logo no início.
Dando certo, você consegue o imóvel quase tão rápido quanto num financiamento, mas sem pagar juros — apenas a taxa de administração.
🎯 Quando faz sentido fazer um consórcio:
Quando você não tem pressa para adquirir o bem e/ou não tem disciplina para guardar dinheiro e investir todo mês. Nesse caso é melhor pagar a taxa de administração do que deixar o dinheiro escapar.
Ou como uma alternativa mais barata do que um financiamento, se você já tem parte do dinheiro e quer usar como um lance para acelerar a contemplação.
Financiamento: a pressa tem seu preço

Esse é o caminho mais comum no Brasil.
O banco te empresta o dinheiro que você precisa, você compra o imóvel e começa a pagar as parcelas do financiamento.
A vantagem é clara: você sai imediatamente de casa nova, sem precisar esperar anos para juntar o valor necessário.
Mas essa pressa tem seu preço: Dependendo da taxa do financiamento, o custo dos juros pode dobrar o valor do imóvel.
Exemplo:
👉 Um financiamento de R$ 1 milhão com prazo de 30 anos e juro de 10% ao ano, vai acabar te custando algo em torno de R$ 2 milhões.
Com amortizações regulares (FGTS, bônus, 13º), esse número pode cair consideravelmente, o que já ajuda bastante, mas provavelmente ainda fique bem mais caro que as outras opções.
Por outro lado, há um cenário no qual o financiamento é uma ótima estratégia e vai funcionar como uma alavancagem de patrimônio.
Se você já tem o valor do imóvel que deseja e consegue investir esse recurso com uma rentabilidade MAIOR que o juro do financiamento, vale mais a pena você financiar o imóvel do que pagar à vista.
Mas Gustavo, por que eu vou fazer uma dívida se eu tenho dinheiro pra pagar a vista?
Simplesmente porque é mais vantajoso pra você. Seria uma “dívida boa".
O juro que você vai RECEBER dos seus investimentos vai se encarregar de pagar o financiamento. O que vai fazer o imóvel custar ainda menos pra você.
Parece contraintuitivo, mas é exatamente isso que muitos investidores sofisticados fazem — usam o banco como “alavancagem barata”.
🎯 Quando faz sentido financiar:
Quando você tem urgência na aquisição do imóvel - seja para sair de um aluguel caro ou aproveitar uma oportunidade.
Ou quando você possui o valor e consegue um juro mais baixo do que a rentabilidade do seu investimento.
E afinal, qual escolher?
Tudo vai depender do seu momento atual e da pressa que tem para adquirir o imóvel.
Vale também dizer que aqui estou trazendo o aspecto financeiro dessa decisão. O que é melhor ou pior para o seu bolso.
Na vida real, porém, a compra de um imóvel na maioria das vezes não é uma decisão financeira.
É emocional. É a realização de um sonho.
Mesmo assim, se você conseguir se planejar e unir os dois aspectos - financeiro e emocional, as vantagens serão gigantes. Você com certeza vai agradecer depois.
Sabendo disso, aqui vai um resumo rápido de quando utilizar cada estratégia:
💰 Investimentos: quando você pode esperar e tem condições e disciplina para guardar e investir todos os meses até juntar o valor do imóvel e comprar à vista. Você vai economizar uma fortuna.
🏘️ Consórcio: quando você pode se planejar e precisa de “uma força” pra guardar dinheiro, ou quando tem uma parte guardada para dar um lance.
📈Financiamento: Quando você tem urgência na compra do imóvel ou consegue uma taxa de juros abaixo da rentabilidade do seu investimento.
O mais importante é entender que, nesse caso, não existe certo ou errado.
Existe o que faz sentido para o seu momento de vida e para o seu bolso.
Gustavo Gubert, CFP®
Consultor e sócio da Union Investimentos





